domingo, 15 de junho de 2008

Proibição da circulação de cães nas áreas comuns do condomínio

Estimados amigos,


Não resisto a partilhar convosco uma pequenina carta que enviei a todos os meus vizinhos, na sequência de uma outra carta redigida por uma vizinha minha. Segundo essa vizinha, o patamar do 7º andar (onde habito eu, com a Anouk; um outro vizinho, com o Flocky (um Boxer já velhote); e a vizinha propriamente dita) ocasionalmente cheira mal devido aos cães. A vizinha queixa-se, ainda, de variados problemas causados no prédio por cães e recomenda que os mesmos sejam proibidos de circularem nas áreas comuns.


Cliquem aqui para ler a minha carta de resposta. :-)


Abraços e beijocas,


João

15 comentários:

middle finger disse...

eheheh :)

Boas professor,
não há melhor coisa na vida que uma boa resposta, é mais forte que uma chapada na cara.
A maneira como o professor expõe os argumentos põe um sorriso na cara de qualquer um (tirando da sua vizinha, duvido que fique contente).
Assim é que é, gostei de ler.

Um grande abraço,
Bruno Ribeiro

PS:peço desculpa pelo nome (middlefinger), mas é o meu nome de blogger :)
nada de sério ou provocador).

João Correia disse...

Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!

Adorei o nome "middle finger". Lindo!

E obrigado pelos teus comentários (sempre) simpáticos.

:-)

Abração,

JPC

Anônimo disse...

Querendo a vizinhança que o cão não circule em lugares comuns, só vejo como solução: a Anouk fazer as suas necessidades básicas em casa. Não irá isso "aprofundar" o mau cheiro do qual a vizinhança tanto se queixa? tanta contradição.
Gente Burra.
Mafalda Frade

João Correia disse...

Bem observado, Mafalda!

J.

Anônimo disse...

Caro João Pedro Correia,

Antes de mais, deixe-me transmitir-lhe toda a minha consideração e apoio pessoais nesse "litígio" que opõe a sua vizinha do 7.º piso à Anouk.

Não resisto a sublinhar que, efectivamente, há pessoas (muitíssimo) civilizadas, caso paradigmático do autor deste blogue!

Um Abraço

João Correia disse...

Estimadíssimo Bernardo,

Mil obrigados pelas palavras simpáticas. Diabos, quem me dera que todos os meus vizinhos fossem simpáticos como vós! (Mas nem todos são como a Dª. R. D., felizmente! :-).

Abraço,

João

Anônimo disse...

João,

Queria mandar-te um beijinho e dar-te os parabéns pela carta fabulosa que escreveste sobre o assunto dos "cheiros nauseabundos". Além de subscrever inteiramente a tua posição, foi muito agradável voltar a ler a tua prosa acutilante e de humor inteligente!

Beijinhos

Xana
(da tua turma de BMP)

Anônimo disse...

Meu caro João. Vou passar por cima do conteúdo geral da carta (muito bem escrita e com muito humor, por sinal)e ater-me tão simplesmente à questão dos cães ("perigosos" ou não). Os comentários que fazes sobre as pessoas e outros de outro tipo que aqui não saõ referidos, fazem parte de uma "batalha" pelo civismo que eu venho travando há algum tempo e que versa diversos temas como: trânsito; estacionamento; lixo; ruído, etc...

Mas adiante, vamos falar dos cães. Estou totalmente de acordo, e assino por baixo, que os cães "perigosos" derivam dos donos "perigosos", embora compara um pitbull com um canicha, vai lá vai...Mas o prblema é mesmo esse: qual a solução para os donos que não sabem educar cães? Como os distinguir dos outros? Tens de admitir que as leis são gerais e quando se faz uma lei destas não se está a atacar ninguém mas antes a defender pessoas (e não estou aqui a discutir se devem estar estes cães e não outros). Porque, hás-de convir: um cão NÃO É UMA PESSOA e o problema, na maior parte das vezes reside nesta confusão...

Outro comentário: a atitude das pessoas perante os cães não tem, necessariamente, a ver com aquilo que vêm ou que ouvem. Eu falo por mim, que não tenho nem nunca tive medo de cães, e confesso que há certos cães em que penso 2 vezes em me aproximar deles. Como sabes, conheço a tua cadela e a minha primeira atitude é de distância. Depois conhece-se ae a altera-se, ou não, esta atitude. Assim, as reacções dos teus vizinhos com a Anouk podem (repito, podem) ser perfeitamente normais. Uma coisa é certa: os meufilhos, que também não têm qualquer tipo de receio de cães estão bem instruídos quanto à atitude a ter com eles.

Acho que este é um tema que merece discussão, ponderada e com respeito por ambas (por várias?) partes mas, em minha opinião, sem esquecer o essencial: OS CÃES NÃO SÃO PESSOAS!

Escrevi ao correr da pena e sem preocupações de correcções, por isso desculpa algum erro ou português menos bem escrito.

Um abraço

Joaquim Leal (teu primo)

João Correia disse...

Super Xana e Joaquim!

Obrigado pelas vossas palavras simpáticas. É sempre catita contactar com rapaziada que já não vejo há bastante tempo, nem que seja de uma forma cibernética!

Quanto à questão, bastante pertinente, de os cães não serem pessoas, devo fazer um comentário: os cães não são, de facto, pessoas MAS os laços que se estabelecem entre alguns donos e os seus cães são, garanto, comparáveis aos que se estabelecem entre alguns seres humanos.

Este facto é particularmente evidente em pessoas que não têm filhos e que, em vez disso, têm cães (que é o meu caso). Note-se que os motivos por que algumas pessoas não têm filhos podem ser variados (clínicos, filosóficos, financeiros, etc.) mas, nesta discussão, são irrelevantes. O facto é que as pessoas que têm cães, em vez de filhos, sentem os seus cães de uma forma bastante diferente daquelas que têm os cães acorrentados num quintal.

Confesso que a insensibilidade de alguns dos meus vizinhos a uma constatação que me parece evidente choca-me bastante.

Sem dúvida que há motivos sérios, e legítimos, para se temerem alguns cães e respectivos donos, particularmente quando nos são desconhecidos. Mas este argumento não se aplica aos meus vizinhos, que me conhecem há 12 anos e a Anouk há praticamente seis anos. Por esta altura, esperar-se-ia que já tivessem entendido que, nem ela, nem eu, somos animais perigosos.

De qualquer forma, agradeço calorosamente o teu contributo. É sempre um prazer trocar ideias com alguém que use a cabeça e que também esteja empenhado em erradicar os comportamentos anti-cívicos do mundo!

Beijocas e abraços (meus/minhas e da Anouk :-) para vós, para a Catarina, António e Leonor!

João

Anônimo disse...

Caro João,

O que tu refers do relacionamento entre as pessoas e os animais não é, segundo a minha opinião, o tema. A questão é o que um bicho destes, por exemplo um pitbull, pode fazer nas mãos de selvagens como há para aí aos pontapés. É que estes cães podem ser autênticas "máquinas de guerra" quando deseducadas ou mesmo ensinadas para isso. A questão que eu ponho é: qual a solução? Joaquim.

João Correia disse...

A solução está na aplicação da Lei. Recordemos que a Lei encara as "raças perigosas" como se se tratassem de armas. E, de facto, concordo que, nas mãos erradas, é exactamente isso que alguns cães são.

Mas recordemos que todas as armas são proibidas (e não apenas algumas), ou melhor, a sua venda é altamente restrita: carabinas, revólveres, armas automáticas e, até, bestas, fisgas, facas, etc. É suposto a pessoa ter uma licença para comprar, e usar, estas armas. E isso não me choca minimamente.

Também não me choca que o mesmo se aplique aos cães porque, de facto, há pessoas que não deviam ser autorizadas a ter cães. Qualquer tipo de cães.

O que me choca, sim, é a forma como a Lei dos Cães Perigosos foi desenhada e a completa e total ausência de critérios, ou lógica, no estabelecimento das raças consideradas “perigosas”. Escrevi um post sobre isso em Março, com o título "Esterilização dos Cães Perigosos".

Mas o que me choca mais ainda são as pessoas que, depois de anos de convivência comigo e com a Anouk, ainda me pedem, em tom pouco delicado, para não entrar no elevador e me enxotam dizendo "Não, não, não que o seu cão é muito perigoso!".

Hello?!? Mas quem são esteªs totós para me dizerem que o meu cão é perigoso?!?

Mas regressando à tua questão específica: qual a solução?

Simples: aplicar a Lei e penalizar severamente aqueles que a quebram.

Mas façamo-lo usando a cabeça.

E a Sociedade Civil também deverá contribuir, denuciando as situações que devem ser denunciadas.

Mas que essas denúncias se façam com bom-senso.

Deixo-vos com alguns exemplos que demonstram como, por vezes, o bom-senso é retirado da equação:

- Se estiver a passear na rua e vir três~quatro indivíduos, possivelmente de boné com a pala para trás, a atiçarem cães rafeiros uns contra os outros, pois podem crer que pego no telefone e lhes meto a Polícia em cima. Note-se que, tecnicamente, estes parolos não estão a fazer nada de ilegal. Mas raios me partam se deixo o momento incólume. Porque o upgrade de cão rafeiro para um animal mais possante estará ao virar da esquina. E esse não será necessariamente um Pitt-bull ou Rottweiler. Há dezenas de raças com tanta, ou mais, força que estas raças.

- Se estiver a passear na rua e vir uma família a passear a sua Pitt-bull sem açaime e esta me vier cheirar com o rabito a abanar, pois podem crer que não chamo polícia nenhuma. E, tecnicamente, o dono está a incorrer numa ilegalidade gravíssima e pode levar com uma multa de 500 a 2.500 euros.

- A lista de exemplos torna-se ainda mais interessante se substituirmos a Pitt-bull da história anterior por uma cadela Labrador preta que existe na minha zona. Costuma passear sem açaime e sem trela. E já a vi rosnar, ladrar e morder várias pessoas e outros cães. Mas isto não é ilegal. E os Labradores nunca aparecem na capa do 24 Horas e, como tal, mantém-se o status quo e toda a gente desculpa a cadela, coitadinha, que deve ter acordado com os pés de fora e merece ser desculpada.

- Outro exemplo, que senti na pele, surgiu na forma de um toque de campaínha pelo dedo de um agente da PSP que, há alguns anos, tocou à porta cá de casa e estava de arma em punho quando a porta se abriu e se deparou com a Anouk do outro lado. O agente explicou que tinham recebido uma chamada telefónica anónima dizendo que havia um cão perigoso ilegal no prédio. Passados alguns minutos, e depois de ter vistoriado os muitos documentos que acompanham a Anouk (licenças, vacinas, chip, etc.), o agente e a minha, então, esposa ainda se riram da patetice da situação enquanto o agente fazia cócegas na barriga da Anouk, delirante por ter uma visita a uma hora tão inesperada.

- Mas o melhor exemplo de todos fica para o fim e surge na forma de um rafeiro velhíssimo, com uns 16 anos, que está à beira da morte em uma das varandas do prédio dos meus pais. O bicho está inundado de doenças e, coitadito, tem os dias contados. Mas os donos não têm tempo, dinheiro ou coragem para acabarem com o sofrimento do animal e pedirem a um veterinário para o colocar a dormir. Então o bicho passa os dias a uivar e ganir, num estertor arrepiante de dores. Os uivos do animal, e as dores horríveis que deve estar a suportar, ferem os ouvidos, e sensibilidade, de qualquer pessoa que passe junto ao prédio.

Mas isto não é ilegal e, como tal, os telefonemas para a Sociedade Protectora dos Animais não dão em nada. Mas passear a Anouk com trela e sem açaime é ilegal. E a PSP apareceu-me à porta minutos depois de umª imbecil qualquer ter feito um telefonema.

Volto, portanto, à tua questão inicial: qual é a solução?

A minha resposta: Usar a cabeça e reagir conforme a situação o exigir.

A outra solução, naturalmente, é não fazer rigorosamente nada e deixar que o "problema" se resolva sozinho...

Abração,

João

Anônimo disse...

Pois é, esta discussão (amigável) tende a eternizar-se. O curioso é que concordo com (quase) tudo o que dizes. Gostava de falar contigo pessoalmente porque quem é que determina a capacidade do dono? O mundo está cheio de hsitórias em que o justo paga pelo pecador, mas às vezes tem de ser assim. Gostava mesmo de falar contigo. Um abraço!

João Correia disse...

Caragos, que agora é que acertaste mesmo na ferida! No fundo, analisando as coisas friamente, acho que é precisamente isso que me magoa... É saber que sou um dono 100% consciencioso, responsável, cuidadoso, cumpridor, que até os cocós apanha do passeio e, contudo, alguns vizinhos continuam a tratar-me, e a Anouk, como se fôssemos uma daquelas parelhas ameaçadoras que rastejam para fora das barracas...

(Ora aí está uma imagem própria para ser usada por alguém que escreveu uma carta de 7 páginas a denunciar os perigos dos preconceitos e estereotipos... ;-)

Também gostava de falar contigo, pá! Já passou tempo demais desde a última vez. :-)

Estranhamente, não tenho o teu contacto directo. Como é que isto é possível?! Mas aqui ficam já os meus: 91 947 5411 ou info@flyingsharks.eu

Super abração,

J.

Anônimo disse...

Obrigada por defenderes a Anouk assim. Obrigada.
PS - Fartei-me de rir.

Miss K disse...

Santa ignorância!! Não consigo perceber como é possível existirem pessoas tão burras!!