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quarta-feira, 24 de outubro de 2007
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
A Lei dos Cães Perigosos
E ainda bem.
A Anouk faz parte da família. A Anouk é, decididamente, o cão mais adorável, meigo e bem-disposto que já vi. Não consigo imaginar a minha vida sem ela. Adoro levá-la à rua, aos correios, ao super-mercado (onde espera, educadamente, à porta), a Olhão, a Peniche e a todos os sítios onde vou regularmente. Se tenho um compromisso de duas horas, ou menos, a Anouk vai comigo. Espera um pouquinho no carro, com as quatro janelas entreabertas e uma tigela cheia de água e, quando regresso, damos uma passeata. A Anouk adora conhecer sítios novos e eu adoro vê-la a explorar cheiros e formas originais.
É curioso como as tarefas que me pareciam tão aborrecidas, afinal, não custam nada. Ok, os passeios debaixo de chuva não têm graça. Mas são pouco frequentes e o passo é apressado. A apanha dos cocós também não é particularmente excitante, mas também não é o fim do mundo. O truque é andar sempre cheio de sacos nos bolsos de trás das calças!
Os jantares lá em casa são, às vezes, um bocadinho ‘intensos’. A Anouk fica louca de alegria quando ouve a campainha e senta-se imediatamente em frente à porta, com as orelhas hirtas e pose de espera ansiosa, enquanto aguarda pelos convidados. Depois do habitual pulo de boas-vindas (nem sempre bem acolhido pelos recém-chegados, é verdade…) sossega e enquadra-se no grupo. Se o grupo for bem-comportado e ignorar a Anouk enquanto comemos, tudo corre bem. Se o grupo for mal-comportado e passar a noite a retribuir a sede de atenção do bicharoco, a noite é repleta de tentativas de abuso e saltos para o colo, absoluta e positivamente proibidos. Dir-se-ia, por isso, que a suavidade da noite está mais relacionada com a disciplina dos convidados do que com o comportamento da Anouk.
Mas esta é uma pequeníssima mostra do que é viver com a Anouk. Como em tudo, na vida, tem coisas boas e coisas menos boas. Mas o apuramento é muito, muito positivo. Imensamente positivo. E altamente recomendável.
A Anouk fica sozinha em casa enquanto saio para trabalhar. Felizmente sou consultor / freelancer / professor e desenvolvo uma dose substancial de trabalho em casa. Às vezes a Anouk fica sozinha umas oito horas. Mas, na maioria dos dias, só fica sozinha umas quatro ou cinco. Quando meto a chave na porta ouço-a, lá dentro, a levantar-se da cama dela, de repente, e a correr em direcção à porta. Enquanto rodo a chave já a ouço a cheirar a porta, frenética, e a confirmar que sou eu. Quando abro a porta a cara dela enche-se de luz e o rabinho quase salta, de tanto abanar. Quando entro cubro-a de palmadas amigas e sento-me no chão, enquanto ela me lambe a cara e se esfrega em mim, para absorver o meu cheiro e me impregnar com o dela. Porque, na cabeça da Anouk, eu sou tanto dela como ela é minha. E na minha cabeça é assim também. Ela adora enroscar-se em mim e deitar-se de barriga para o ar, para eu lhe fazer festas na pançota e fazê-la rodar no chão, como se fosse uma campeã de break-dance.
Mas há um lado pouco simpático em toda esta história… E esse lado é mais negro do que o pêlo lustroso e com cheiro a bebé da Anouk…
É que a Anouk é uma Rottweiler. Meiga, terna, fiel, a minha melhor amiga, mas Rottweiler.
Um terço dos condóminos do meu prédio adora a Anouk, faz-lhe festas quando nos cruzamos, não se importa que ela lhe lamba as mãos e o reconheça com uma boa cheiradela das calças. Outro terço ignora-a. E outro terço odeia-a e recusa-se a viajar no elevador com ela, apesar de ela tentar cativá-lo com uma boa lambidela.
A Anouk, como muitos outros animais, é vítima de um preconceito pateta e desinformado.
E uso as expressões ‘pateta’ e ‘desinformado’ com conhecimento de causa, porque eu próprio já fui um pateta desinformado. Mas curei-me. Devo confessar, com uma enorme dose de embaraço, que achei a ideia de termos uma cadela Rottweiler perfeitamente pateta. Aliás, lembro-me de dizer ‘Diabos! Um dia acordamos com o bicho em cima de nós, a comer-nos a garganta!’ Mas li algumas coisas, falei com pessoas que tinham mais experiência do que eu (o que não era difícil, porque eu não tinha nenhuma) e informei-me. Documentei-me. E, hoje em dia, conheço muito bem o fenómeno ‘cão perigoso’.
NOTA TÉCNICA - A Anouk fica sempre em casa da Anita quando tenho de me ausentar e recomendo-a vivamente! Se precisar de deixar o seu cão durante alguns dias, peça-me o contacto da Anita.
Curiosamente, o fenómeno ‘animal perigoso’ é-me muito familiar, porque trabalho com tubarões desde 1994. No mar, em aquários, em lotas, em barcos de pesca comercial, em barcos de pesca desportiva, em tanques de transporte, pequenos, grandes, vivos, mortos, perigosos, presos, soltos, já lidei com muitos. Muitos, mesmo. E nunca me magoei. Mas conheço bem a cara que as pessoas fazem quando digo que gosto de, e trabalho com, tubarões.
Algumas estatísticas, facilmente verificadas na International Shark Attack File (www.flmnh.ufl.edu/fish/Sharks/ISAF/ISAF.htm), mantida pelo ilustre Dr. George Burgess, com quem tomo uns copitos todos os anos, por ocasião da reunião da American Elasmobranch Society, da qual sou membro desde 1994:
- De 1990 a 2006 registaram-se 948 incidentes com tubarões, o que dá uma média de 56 por ano.
- Desses 56, uma média de 6, por ano, foram fatais.
Seis pessoas, por ano, no mundo inteiro.
Ora, eu não sou perito em matérias rodoviárias, mas atrevo-me a sugerir que, infelizmente, ‘seis’ será o número de vítimas mortais, em Portugal, na primeira hora da tradicional ‘Operação Natal’ que a GNR desenvolve.
Todos os anos morrem dezenas, talvez mesmo centenas, de milhares de pessoas na sequência de incidentes com variadas espécies de animais: elefantes, hipopótamos, leões, tigres, crocodilos, ursos e muitos outros, só para citar alguns dos mais reconhecíveis. Só que estes ‘ataques’ ocorrem em África, na Ásia e envolvem pessoas sem nome, sem carro, sem casa, que moram em locais sem Internet, sem uma delegação da CNN, sem ninguém que se interesse.
Mas os tubarões têm o péssimo hábito de darem dentadas a seres humanos em locais repletos de tecnologia, máquinas fotográficas digitais e ligações wireless. E é por isso que os ataques de tubarão estão nas inbox de toda a gente poucas horas depois de ocorrerem. Como é que um conjunto de animais que mata SEIS pessoas por ano ganhou fama de ser um assassino, com predisposição para comer seres humanos?? Porque as notícias destes ataques vendem. E não vendem pouco.
Aliás, vendem tão bem que a reputada revista Time colocou, numa das suas capas do Verão de 2001, uma fotografia de um enorme tubarão com as parangonas ‘Summer of the Shark’ (www.time.com/time/2001/sharks). E escreveu um longo artigo que tentava explicar a invulgar abundância de ataques de tubarão nesse ano. Mas ‘invulgar’ não será a expressão mais correcta. ‘Fabricada’ será mais adequado. Em 2001 houve 68 ataques de tubarão, 4 foram fatais. Em 2000 tinham havido 79, com 11 fatalidades. Mas que se passou no Verão de 2001, para ser apelidado de ‘Summer of the Shark’? Bom, houve o altamente mediatizado ataque ao pequeno Jessie e… Mais nada. O Verão de 2001 não teve notícias. E é por isso que o ataque do Jessie foi espremido e esticado até… bem, até se transformar no ‘Verão do Tubarão’.
Curiosamente, todo o (alegado) interesse que os tubarões tinham pela nossa espécie, nesse Verão fatídico, dissolveu-se no ar na manhã do dia 11 de Setembro, em que (dir-se-ia) os tubarões acordaram dar-nos umas tréguas e não nos incomodarem mais até… enfim, até não termos mais nada para meter nos jornais e lhes darmos atenção novamente.
Legenda: A Anouk com o Diogo, filho da Anita Ribeiro. Quando a Anouk está em casa da Anita, o Diogo e ela são inseparáveis. Queijas, 24-11-2006.
Mas que tem tudo isto a ver com a Anouk?
É muito simples, é que os acidentes com tubarões são, tal como os acidentes com Rottweilers, ocorrências raras. Extraordinariamente raras.
E, contudo, vão todos, sem excepção, parar às primeiras páginas dos jornais, enquanto que as dezenas de milhares de acidentes com outros animais (e outras raças de cães) nem sequer são mencionadas.
E é precisamente neste ponto que eu vou mandar a delicadeza pela janela e começar a falar do coração.
Ora muito bem, eu gostaria que alguém (oficial ou não) me explicasse quais foram os critérios na base de selecção da famigerada lista de raças ‘Perigosas ou Potencialmente Perigosas’:
- Número de acidentes registados nos hospitais?
- Número de acidentes registados em esquadras de Polícia?
- Número de abates compulsivos registados em veterinários municipais?
Ou terá sido algo bem mais prosaico, e nem sequer devidamente contabilizado, como ‘Número de referências na imprensa’?
A Lei dos Cães Perigosos é uma Lei popularista, desenhada para agradar às massas.
‘Estão preocupados com os ataques de Rottweilers e Pit-bulls? Então tomem lá uma Lei que os obriga a andar de açaime’, parece que é o que nos tentam dizer os criadores desta Lei.
Ainda não vi uma tabela de dados oficiais que demonstrem com clareza que as raças enumeradas na 'Lei dos Cães Perigosos' são, de facto, as raças mais envolvidas em acidentes. A minha suspeita é que a presença das raças 'perigosas' em listagens de acidentes (se existirem) é vestigial. Atrevo-me a sugerir, até, que a esmagadora maioria de acidentes ocorre com outras raças. Mas os acidentes com outras raças não fazem notícia, não vendem jornais, não têm interesse nenhum. Os acidentes com Rottweilers, e companhia, são notícia, vendem jornais e são alvo de enorme interesse mórbido por parte de um público que devora novelas, dentro e fora do televisor.
E foi neste espírito que surgiu esta Lei. Uma Lei criada com base no mesmo princípio que leva um terço das pessoas, na rua (à semelhança do que sucede no meu prédio), a desviarem-se nervosamente da Anouk e comentarem 'Olha, este é um daqueles...'. Na sua esmagadora maioria, essas pessoas nunca lidaram ou contactaram de perto com um Rottweiler na vida. Porque será, então, que associam a imagem destes animais (e outros) à de um monstro assassino, pronto a devorar-lhes as canelas e/ou gémeos? A resposta é simples, porque existem muitas publicações que se auto-intitulam de jornais e, contudo, não passam de pasquins de meia-tigela que favorecem títulos chocantes em letras negras que enchem metade da página. E é por causa da actividade destes meios (televisivos, escritos, etc.) que uma fatia grande da população vive com medo destes animais.
E que pode, o Governo, fazer face a este medo?
Despoletar acções que travem sistemática e eficazmente a acção dos cães (e donos) que são verdadeiramente perigosos mas, felizmente, muito pouco numerosos?
Ou...
Redigir uma Leia que legitimiza e fundamenta um medo que não tinha, sequer, justificação para existir?
A resposta tornar-se-á clara mais à frente...
Vejamos, uma Lei é uma Lei, independentemente da legitimidade dos métodos usados na sua redacção. Notem bem: sou um cidadão cumpridor da Lei. Declaro os meus rendimentos, pago os meus impostos, cumpro o código da estrada e cumpro a Lei dos Cães Perigosos, entre muitos outros exemplos do meu carácter ordeiro e cumpridor.
Mas custa-me cumprir a Lei dos Cães Perigosos e já explicarei porquê.
Custa-me ser obrigado a:
- Colocar um chip na Anouk
- Vacinar anualmente a Anouk
- Registar anualmente a Anouk na Junta de Freguesia da minha residência
- Colocar-lhe um açaime
- Ter um seguro especial para a Anouk
- Usar uma trela não extensível e com menos de um metro
- Andar com um Certificado que atesta que não tenho registo criminal
- Andar com um Certificado que atesta a minha aptidão física e psíquica para ter a Anouk
- Pedir autorização à Direcção Geral Veterinária sempre que quiser que a Anouk tenha uma ninhada de Rotties
É óbvio que todas as medidas supra-citadas são positivas, importantes e constituem exemplos de bom-senso e civismo por parte de todos os donos de cães. De todas as raças. E eu já colocava, de qualquer modo, a maioria destas medidas em prática ainda antes da Lei. Com excepção dos Certificados, que tive de ir tirar a correr depois da entrada da Lei em vigor. Ok, e também admito que nem sempre coloco o açaime na Anouk, simplesmente porque ela é incapaz de morder a alguém (a não ser que alguém me tente morder a mim mas, aí, prefiro realmente poder contar com o auxílio da Anouk).
Mas o que me perturba na Lei dos Cães Perigosos é que eu, dono de uma cadela Rottweiler, consciencioso, cumpridor da Lei, estou permanentemente na iminência de levar com uma coima de 500 euros (ou mais) se não transportar comigo o dossier de comprovativos de todos os aspectos listados em cima. Os agentes da Autoridade vêm-me passear a Anouk, que adora trotar na rua ao meu lado e dar atenção bem disposta a tudo o que a rodeia, e imediatamente se dirigem a mim e me dizem que ela deve andar de açaime. As pessoas aglomeram-se à nossa volta, enquanto tenho estes pequenos debates com as forças da Lei, e os olhos parecem dizer ‘Boa! Multa lá o gajo do Rottweiler para ver se ele aprende!’ Enquanto esta cena decorre a Anouk fica sentada ao meu lado, sem compreender. Ou, então, detecta uma alma simpática no grupo e dirige-se a ela, para a cumprimentar com umas boas lambidelas na mão.
Verdade seja dita, tenho tido a boa sorte de contar com a compreensão dos agentes da Autoridade que me têm abordado. Aliás, só um tonto é que não se apercebe da natureza dócil e bem-humorada da Anouk, quando se olha para ela com um mínimo de atenção.
Mas o que me perturba mesmo na Lei dos Cães Perigosos é a impunidade com que uma franja de cretinos a ignora e se ri dela.
E estou a falar, como já terão adivinhado, dos imbecis que se dedicam às lutas de cães.
Não consigo compreender este fenómeno.
Não consigo compreender que espécie de personalidade de verme é que aceita, no fundo do seu ser, esta prática. E não estou a referir-me apenas aos donos dos cães. Neste pacote de bestas estão incluídos os apostadores, os observadores e, claro, os organizadores.
Não consigo compreender porque é que as forças da Lei não travam este fenómeno porque, parece-me, é um fenómeno fácil de travar, por ser tão pouco abundante e facilmente localizável.
Avanço desde já as minhas sinceras desculpas, a quem de direito, se estiver a dizer algum disparate, mas parece-me, na minha perspectiva de leigo e desconhecedor sobre o assunto, que seria extraordinariamente fácil de localizar estas lutas. E mais fácil ainda entrar lá aos tiros e limpar os cães, os donos, os organizadores, os apostadores. Esta solução parecer-vos-á fanatismo barato mas, sinceramente, que castigo dar a um conjunto de indivíduos que se divertem a olharem para dois animais que arrancam nacos de carne um do outro até um deles morrer?Tenho uma ideia melhor: em vez de as forças da Lei invadirem os recintos das lutas aos tiros, talvez fosse bem mais interessante colocarem os apostadores, observadores, donos, organizadores e afins, dentro dos buracos onde os cães lutam.
Agora a sério: compreendo que seja difícil erradicar o tráfico de droga, simplesmente porque estão envolvidos vários milhares de pessoas. Mas será assim tão difícil localizar estas lutas? A revista ‘Visão’ tinha uma peça intitulada ‘Cães Danados’, há alguns meses, e documentava com precisão este fenómeno. Quanto tempo terá demorado, o autor da peça, a localizar estes imbecis? Aliás, a peça até referia o nome do suposto ‘pai’ desta prática em Portugal que, na revista, aparecia orgulhosamente numa foto. Sem comentários…
Certa vez passeava com a Anouk e alguns imbecis teceram comentários ao porte musculado dela e comentaram que seria boa para as lutas. Perguntaram-me, até, se eu não estaria interessado… Respondi-lhes ‘Essa merda é para paneleiros’. Perante o ar incompreensível deles acrescentei ‘Só um paneleiro é que põe um cão a lutar por ele’.
Sim, a linguagem foi crua e, obviamente, os meus vocábulos não tinham qualquer intenção de serem associados a cavalheiros de sexualidade alternativa. O termo pareceu-me adequado e foi o que usei. Afinal, que dizer a um conjunto de palermas que tira prazer de ver animais a arrancarem nacos de carne uns dos outros?
Enfim… Podia passar horas a ilustrar o asco que me assalta quando penso em lutas de cães, em touradas (que serão alvo de um post dedicado, um dia destes) e afins.
Mas gostaria de terminar com algumas ideias simples:
- A Lei dos Cães Perigosos, parece-me, foi redigida com base na desinformação tendenciosa que abunda nos meios noticiosos.
- Actualmente, pouco mais faz do que obrigar os cidadãos cumpridores a preencherem uma lista relativamente longa de requisitos.
- Os cidadãos não-cumpridores continuam, obviamente, a dedicar-se às lutas. Certamente que não é esta Lei que os irá travar, já que esse tipo de pessoa não costuma alterar os seus comportamentos em virtude de imposições legais.
- Resta-nos esperar que os senhores dirigentes e agentes da autoridade honrem o cumprimento dos primeiros, obrigando os imbecis não-cumpridores a travarem as suas actividades ilícitas, imorais e clandestinas.
Façam o favor de cumprirem a vossa.
Legenda: Anouk no Sapal de Castro Marim. Monte Gordo, 15-09-2007.
Para terminar, deixo-vos com duas fotografias da Anouk em estilo 'Onde está o Wally'...
:-)
Legenda: Anouk nas traseiras da Escola Superior de Tecnologia do Mar, no Cabo Carvoeiro. Peniche, 18-06-2007.
Legenda: Anouk no mato das Olaias. Lisboa, 11-03-2007.
Postado por João Correia às 10:27 38 comentários
Marcadores: Anouk, Lei dos Cães Perigosos, lutas de cães, Rottweiler